sábado, 10 de dezembro de 2011

COMO PASSAR NUM CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSOR DE DIREITO PENAL?


Não se preocupe! Faça concursos. Um dia você chega lá!
 Aproveitando minhas recentes experiências em concursos na área jurídica, tendo em vista o término de meu doutorado, senti-me na missão de divulgar algumas impressões que tive, acerca de concursos para a docência em direito, nas diversas universidades públicas que existem pelo país, tecendo algumas considerações e recomendações.

Ponto 1: Prepare um bom currículo, repleto de publicações: Não adianta ir pra um concurso desses sem ter, ao menos, publicado um livro, ou tido vários artigos publicados em coletâneas ou revistas especializadas, sobre o assunto da disciplina a que você está concorrendo. Tudo isso ocorre por causa da bendita etapa da prova de títulos. No caso de concorrer a professor assistente, a exigência não é tão grande, mas se for pra adjunto, aí não tem choro nem vela. Ou você tem publicações pra disputar com outros concorrentes, ou você está liquidado. No mínimo, você pode passar numa universidade recente, fundada em algum cafundó do Judas qualquer, no interior de algum estado ou em um novo estado da federação, ou ao menos ganhar experiência para disputar em outras universidades de menor peso acadêmico ou de baixa avaliação pela CAPES. Mas você não está apenas atrás de um bom trabalho com uma boa grana, mas também de reconhecimento profissional, não é isso??

Ponto 2: Adquira experiência em outras instituições: Para concorrer numa universidade federal ou estadual - dependendo do lugar- você não pode chegar "verdinho", sem uma mínima experiência docente anterior. Se você está concorrendo a uma vaga de Professor Substituto, é claro que não será exigida uma imensa experiência acadêmica, até porque você deve ter acabado de concluir a graduação, está fazendo algum curso de especialização ou não, e concorre pra essa vaga, justamente porque tem aspirações acadêmicas maiores, e quer começar da base da pirâmide. Ok! De qualquer forma, mesmo nesses concursos é importante ter experiência ao menos provando que, quando era estudante de graduação, você exerceu alguma monitoria ou ganhou alguma bolsa de pesquisa. Lembre-se que o meio universitário pressupõe que você quer abraçar uma carreira dedicada à universidade, e mesmo que, na área jurídica, você advogue ou queira advogar, é necessário um mínimo de dedicação de tempo a atividades acadêmicas, que você tenha como demonstrar na ocasião desses concursos. Se o cargo disputado no concurso for pra professor adjunto, aí você tem que ter dado aula em pelo menos alguma faculdade ou universidade privada. Em sua imensa maioria, o contingente de concorrentes às vagas para professores com título de doutor, é formado por candidatos que já tiveram um mínimo de experiência docente. Isso pesa na avaliação do candidato pela banca, que, com certeza, não vai aprovar um garoto qualquer que nunca conduziu uma classe numa sala de aula. Para os mais tímidos, resta trabalhar numa disciplina de prática jurídica, onde você terá um universo mais reduzido de alunos, ou tentar concurso pra outra área, mais técnica, dentro da universidade, como procurador ou assessor jurídico, e não como professor universitário.


Não troque os pés pelas mãos, saiba onde
concorrer e porquê concorrer (retirado de
concurseirocontabeis.blogspot)
Ponto 3: Se quer disputar vagas em instituições de ensino renomadas ou em grandes universidades públicas do país, faça fama e adquira prestigio, primeiro, em instituições menores: Se você quer ingressar numa grande instituição de ensino, com nota altíssima de avaliação na CAPES ou bem avaliada pelo MEC e pela OAB, você não pode cair de paraquedas, achando que vai ser aceito numa USP, se ao menos já não deu aula em uma PUC ou em alguma faculdade privada, minimamente bem avaliada por aí. Não adianta tentar dar um salto grande, pulando de um time ABC de Natal para um Real Madrid, no exemplo futebolístico, se você antes não passou um tempo lecionando em alguma universidade católica ou centro universitário minimamente conhecido, para tentar dar voos maiores. Comece por universidades regionais, com uma avaliação mais baixa nos grandes órgãos de pesquisa ou perante o Ministério da Educação, mas com potencial de crescimento, como as universidades federais da Paraíba, do Rio Grande do Norte, de Alagoas ou nas universidades do interior de estados como Minas Gerais ou Rio Grande do Sul. Você também tem a opção de ter feito um belo currículo anterior em instituições privadas de renome como as PUCs, ou mesmo em universidades privadas que tem brilhante avaliação, concorrendo com as públicas, como é o caso da UNISINOS, no Rio Grande do Sul ou da Mackenzie, em São Paulo. Você só não pode é ficar parado, achando que o cargo de professor adjunto ou titular de uma grande universidade pública vai cair do céu, antes que você tenha mostrado serviço em alguma instituição privada ou universidade pública de menor tamanho.


Muita calma, paciência e concentração são sempre
fundamentais (retirado de concurseirosolitario.blogspot)
 Ponto 4: Privilegie os contatos: para se tornar um professor universitário de uma grande instituição de ensino, você não pode ser um eremita, isolado dos grandes debates científicos que ocorrem no cenário nacional ou internacional. Participe sempre de conferências, congressos, seminários, simpósios, apresentando trabalhos ou mesmo se candidatando como palestrante. É uma grande oportunidade de você conhecer professores de instituições renomadas, manda-chuvas que muito provavelmente, farão parte, algum dia, da composição de alguma banca de um concurso que você vai concorrer. Nesses eventos é muito comum a distribuição de cartões de apresentação, trocas de telefone e e-mails, até porque, na área jurídica, esses caras não são apenas professores, mas também advogados ou juízes, e muitos trabalham um marketing pessoal baseado na quantidade e qualidade de suas publicações, livros, artigos e escritos acadêmicos. No Direito, assim como em outros ramos do conhecimento, a fogueira de vaidades é grande, e aí você não pode achar que está se expondo nem de mais, e nem de menos. Saiba que a legião de puxa-sacos sempre irá existir, mas você poderá se impor no momento em que alguns medalhões do pensamento jurídico nacional achem interessante um texto seu, ou se sintam ao menos à vontade para debater contigo dentro de um simpósio ou conferência. O que vale, meus amigos, é se deixar perceber!

Ponto 5: Tenha muitos orientandos na graduação e na pós-graduação: um professor universitário que se respeite, não se limita a dar aulas, mas também trabalha com pesquisa e extensão, orientando uma quantidade significativa de alunos, que buscam (e não são buscados) um professor que os auxilie e acabam escolhendo o seu nome para orientador, por acreditar no seu conhecimento e em sua credibilidade acadêmica. Isso conta muito na prova de títulos, e pode servir como saída para você, em disputas acirradas, quando a concorrência, com outros candidatos igualmente bem avaliados, pode ameaçar puxar o seu tapete, e tirar uma vaga que parecia ter sido dada a você de mão beijada! Professor que orienta é professor que tem serviço pra mostrar!

Ponto 6: Nunca descuide da pesquisa: Monte uma base de pesquisas ou participe de uma, dentro da faculdade onde estiver trabalhando ou na universidade onde pretenda entrar, não apenas participando das discussões, mas também propondo leitura de textos (se são os seus próprios textos, melhor ainda) e realização de eventos relacionados com o tema-base da pesquisa. Além de te dar visibilidade, você verá que a participação em núcleos ou bases de pesquisa, pode ainda te oferecer um ganha-pão, pela quantidade considerável de verba, que eventualmente é liberada por Brasília para o desenvolvimento de projetos. As universidades públicas hoje em dia, concorrem entre si, no ranking das melhores IES nacionais, por conta dos projetos e bases de pesquisa que são desenvolvidas, utilizando verba federal. Ficar de fora disso revela a falta de ambição do candidato a professor, bem como pega mal para a banca achar que você é um bitolado, que só se preocupa em cumprir seu expediente dando aulas, sem se preocupar com a instituição, que depende da pesquisa para poder crescer.

Ponto 7: Você tem que se sobressair na prova didática: Já foi dito aqui que você tem que demonstrar num concurso público para professor uma série de aptidões e habilidades que tem que dar a certeza, para a banca examinadora, que você será um grande professor para a instituição. Todo concurso docente tem uma fase didática, posterior à prova escrita, que consiste na apresentação de uma aula, onde o que mais se privilegia é a oralidade, a desenvoltura e o didatismo do candidato, muito mais do que seus conhecimentos teóricos. Na maioria das vezes, nessa etapa do concurso, a prova didática pode ser assistida por outros membros da comunidade universitária (principalmente alunos, que querem conhecer o "novo" professor), menos pelos outros candidatos. Esta é a hora mágica que você pode mostrar serviço, dando uma boa aula, tendo certeza no tocante ao conteúdo que é apresentado, livrando-se em parte do formalismo que é exigido em muitas fases de concurso, sendo você mesmo e exercendo para a banca a profissão que você foi treinado para ingressar. O fator psicológico é fundamental nessa hora, e o nervosismo, a ansiedade, a angústia ou mesmo o pavor que pode tomar muita de muitos candidatos, nesse momento do concurso, não pode lhe abater, como se a banca fosse formada, nesse momento, por criaturas monstruosas, com braços ou tentáculos ameaçadores, prontas a lhe engolir e destruir. Lembre-se que quando você fez sua defesa de dissertação ou tese de doutorado, você também foi submetido a uma banca examinadora, e o cenário não era muito diferente. Portanto, ao invés de ficar com medo de seus avaliadores, encare-os como se estivesse defendendo uma tese, algo em que você acredita, e dê sua aula com tranquilidade, com a consciência de que ao menos você tentou dar uma bela aula, para o público que o assistia além da banca. Se você não conquistou a banca, ao menos vai conquistar uma legião de alunos e admiradores, que vão se sentir gratos porque foram numa aula de verdade, e aprenderam alguma coisa com você!


Não se aflija com os concorrentes.
(retirado de sopraconcurseiro.blogspot)
 Ponto 8: Evite brigar com as "cartas marcadas": Todo concurso para uma grande universidade, por mais legítimo que seja o certame, tem os seus favoritos. Esse favoritismo decorre tanto das pressões do meio da comunidade acadêmica, quanto do fato de certo candidato ou alguns candidatos já serem conhecidos da banca, por já terem estudado na instituição, ou seja pela boataria, quando os membros da banca já sabem antecipadamente quem vai participar do concurso, dando uma olhada na lista de inscrição. Sabe aqueles comentários que surgem no ouvido dos membros da banca, tais como: "o sr. lembra daquele aluno que foi estudar na Europa??" ou: "está vindo aí um candidato com pós-doutorado, que foi orientando daquele importante jurista francês, espanhol ou alemão etc etc etc". De qualquer forma, sabe-se o quanto são concorridos e difíceis esses concursos, uma vez que geralmente a instituição só tem 1( uma ) vaga a ser preenchida, e o detentor dessa vaga pode não ser você! De qualquer forma, não desanime, pelo contrário, se possível, e se o outro candidato assim desejar, faça até amizade com ele, estabeleça contatos, pois assim como as vagas são destinadas apenas para o primeiro lugar, também a possibilidade é grande que no decorrer da validade do concurso, mais uma ou duas vagas apareçam, e você pode estar entre os candidatos mais bem colocados. O importante nesses concursos é igual a ganhar o Campeonato Brasileiro ou ao menos disputar uma vaga para a Libertadores: o importante é ficar no G4!! Portanto, transforme a desvantagem em relação aos favoritos em ponto ao seu favor, criando um capital simbólico a partir de uma boa classificação, ou uma boa equiparação de notas com quer for favorito.

Ponto 9: Se for reprovado, faça o jogo, não esmoreça e fique amigo dos membros da banca: Tenha uma certeza na vida: não se ganha sempre, e nem sempre a carruagem anda do jeito que a gente quer, e, com certeza, não será o primeiro, nem o último concurso que você será reprovado. Se "o importante é competir", como diz o velho adágio, o importante é competir, ganhar, e quando você não consegue isso, ao menos deixe sua marca, dizendo quem você é e conquistando a simpatia, e até mesmo a admiração dos demais membros da banca. Com certeza os professores que te avaliaram vão falar de você para seus contatos ou para outros professsores, e nos próximos concursos você já tera, quase sem saber, uma discreta torcida dentro de determinados ambientes acadêmicos e até mesmo propagandistas, que podem muito te ajudar. Afinal, quem disse que você não pode ser uma carta marcada, também?!


Fé nunca faz mal!(retirado de concurseiroscontabeis.blogspot)
 Ponto 10: Um pouco de sorte ou fé em Deus sempre conta: No final, meu amigo ou minha amiga, não podemos descuidar da sorte; ou, pra quem acredita, da mano de Diós, da ajudazinha do "cara lá de cima" para as disputas que nos propomos a encarar. Concurso público é sempre uma expectativa, um tudo ou nada, em que você pode comemorar ou sair chorando ao final. O que vale é nunca fraquejar e continuar tentando, sempre com fé em Deus e/ou acreditando em si próprio; pois, na hora certa, aquilo que você deseja, realmente irá acontecer, se você se debruçou, estudou e quis chegar lá. Nunca se ache inferior ou menor que os outros e confie na sua própria capacidade e esforço. Com certeza, muitos professores, membros de bancas examindoras, vão gostar de saber disso e talvez por conta disso, vão ter o maior prazer em lhe aprovar. Mãos à obra!!!


SOBRETUDO, NÃO DESANIME E NÃO DESISTA NUNCA!!